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Mostrando postagens de 2015

Se seus olhos falassem...

Não faz parte da história da Menina e do Sábio! Dedicado a todo mundo que já deixou transparecer pelo olhar o que as palavras tentavam esconder. Qualquer comentário é bem-vindo aqui. Tenham um dia iluminado! Alegria lembrava-se das duas vezes que o Primeiro Amor a olhara de maneira diferente. A primeira, ela recordava em detalhes. Foi em um final de tarde do mês de Novembro, enquanto os dois assistiam a uma apresentação de alguém desconhecido. O Primeiro Amor sorria e fazia Alegria sorrir e com sua voz mais doce falava uma de suas besteiras de sempre. Enquanto escutava o Primeiro Amor falar, ela olhava em seus olhos e, por um instante, ele se desarmara, deixando tudo o que sentia transparecer pelo olhar. Alegria sorriu. Ela sabia que fora um descuido de sua parte, porque o Primeiro Amor sempre relutava em demonstrar seus sentimentos. Alegria não entendia o porquê de sua resistência, mas também não se importava, porque a vida lhe ensinara que cada pessoa carregava consigo uma bagag

Contente

Dedicado a todo mundo que já sorriu sozinho pensando em alguém. Sorriu aquele sorriso abobalhado de um coração apaixonado. Qualquer comentário,lua ou estrela é bem-vindo aqui e nos twitters @Chaconerrilla e o oficial do Blog @ameninaeosabio Era dia de chuva, de chuva não, de temporal. O semáforo acabara de mudar para o vermelho e o ônibus em que Alegria estava era o primeiro depois da faixa de pedestre. De um lado da rua, um garoto sem guarda-chuva e com um caderno agora molhado na mão desceu da calçada e pôs os pés na rua. Do outro lado, uma garota, com sua sombrinha desgastada e bolsa encharcada, fez o mesmo. A chuva engrossava e os faróis dos carros e ônibus acesos daquela noite chuvosa cegavam os dois. No ônibus, a mistura de conversas paralelas preenchia o ar. Alguns passageiros estavam sentados, outros, talvez a maioria deles, permaneciam imóveis em pé. Era horário de pico. Ninguém preferira esperar um ônibus mais vazio. No final de expediente era sempre assim, hora de ir pa

Outras vidas

O mini-texto de hoje é dedicado a dupla dinâmica especial Raquelis e Antônio. Boa noite!  - Eu conheço você - Comentou a Menina, sorrindo. - De onde? - Perguntou o Menino, sentindo que também a conhecia. - De outras vidas. - Respondeu ela, com um sorriso que chegava aos olhos. - De outras vidas? Como você sabe? - Perguntou ele, curioso. - Eu sinto! Sinto essa frequência diferente, mais antiga, mais forte, mais inexplicável - Respondeu a Menina de maneira alegre. O Menino sorriu.  - Nossa frequência, só nossa. - Agora era ele quem a fazia sorrir. E os dois não podiam estar mais certos. Eles se conheciam, não de uma só vida passada, mas de muitas outras.

A Menino e o Senhorzinho

Dedicado a Amandis e a José Waldo. O texto agora é mais feliz. Na cidade onde a Menina morava, o Senhorzinho da Praça era conhecido pelo seu bom-humor e sua boa música. Todo final de tarde, ele afinava seu violão e, em um fusca azul (Azulão), seguia para a Praça Central, onde sentava em um banquinho, hoje desgastado pelo tempo, e tocava as músicas de sua juventude. Um ou outro fazia um pedido, dedicando a canção a alguém querido, mas no geral, o Senhorzinho escolhia o repertório. Era sempre a maior alegria. De uns tempos para cá, ele percebia que sempre as 17:45, a Menina passava conversando com alguém, alguém que ele não podia ver. Ela olhava para cima, às vezes sorrindo, às vezes chorando e sozinha mantinha a conversa agitada. Alguns diziam que a Menina era louca, outros que ela conversava com pessoas que já não estavam mais aqui, tinham ainda aqueles que achavam que ela não falava sozinha, mas sim cantava para os males espantar. Nenhuma das alternativas agradava o Senhorzinh

Pelas ruas encontrei...

"A sabedoria disse para a Menina uma vez que a arte tinha a função de preencher os vazios deixados pela vida. E a menina sabia que a sabedoria não podia estar mais certa, porque para ela a arte era a ESPERANÇA em forma, cor e som" (Trecho de "Arte)

Vazio

O texto de hoje é dedicado a Amandis e a José Waldo que me acompanham desde os tempos do colégio. Sem vocês, seria mais difícil Qualquer comentário é bem-vindo aqui e no twitter @ameninaeosabio (sim, o blog tem twitter agora). Alegria não sabia que as estrelas viriam para levar a esperança embora. Quando a escuridão tomou conta do céu, ela recebeu a carta mais dolorosa dos seus tão poucos anos. As últimas palavras ameaçaram transformar a dor que ela sentia em lágrimas, mas Alegria fingiu ser forte e foi dormir. Infelizmente, não adiantou por muito tempo. Quando o sol trouxe a luz de volta, desesperada, Alegria  trocou de roupa e pegou o primeiro ônibus que passasse na Avenida Porto Seguro. O itinerário não a deixaria perto da casa amarela, mas ela não podia esperar. Por mais que tentasse esconder a dor, uma ou outra lágrima teimosa fazia questão de transbordar. Alegria sentou na cadeira perto da janela e olhou para o céu e já sem forças, deixou as lágrimas molharem seu rosto. O c

Sem permissão

Não faz parte da história da Menina e doSábio! E no silêncio da solidão, Alegria olhava para frente sem enxergar o verde das árvores ou o colorido das flores que estavam diante de si. Ela não estava sentada em um banco ao léu de uma rua silenciosa, estava em um lugar que só ela tinha acesso. Alegria não sentia o sol, o tempo ou o vento. Por isso, sem permissão ou expressão, a tristeza transbordou em forma de lágrimas. E só quando uma gota caiu em sua mão, Alegria percebeu que começara a chorar. 

"Because in the end all we really have are memories"

A menina guardava um baú de passados. Ela o deixava debaixo da cama, escondido. Quando a saudade transbordava, a menina sentava no chão do quarto e com a chave que carregava sempre consigo, abria as lembranças para si. Algumas estavam cobertas pela poeira do esquecimento; outras desbotando pelas tantas lágrimas de tristeza que a menina derramara. Tinham ainda aquelas que estavam amassadas pela felicidade e manchadas pelas lágrimas da alegria... Eram pedacinhos do passado que ela trouxera para o presente como forma de lembrar outros dias, outras flores, outras dores. E, por isso, por tirar de palcos antigos, pequenas peças de seus cenários, o passado ainda estava presente, sendo eternizado todo dia pelas lembranças que, desgastadas ou não, continuavam ali, ao lado da menina, umas deixando de serem dolorosas com o tempo, outras sendo eternamente felizes mesmo com ele.

Quem sabe?

Mais um mini texto. Hoje, dedicado a minhas amigas mais que especiais Ju e Carol Vaquita. Existem tantas maneiras de se perder alguém. Mudam os cenários, as pessoas, as falas... Só não muda a dor. As pessoas nos deixam não apenas quando a vida acaba, mas quando vão embora para outra cidade, quando o tempo separa, quando não mais se encontram, quando desistem. E é assim, a cada novo dia, alguém vai embora. Vai embora ser feliz em outros palcos, com outras pessoas, com outros sentidos. Nem todos aqueles infinitos se completam... Alguns a vida leva com o vento. Quem sabe não há espaço, não há porquês, não há mais tempo? Quem sabe?

Coração remendado

Não faz parte da história da Menina e do Sábio. E remendando o coração, Alegria percebeu que ele já não era mais o mesmo. Era uma mistura de retalhos que não combinavam, de peças de um quebra-cabeça que não se encaixavam. Era um conjunto imperfeito e inesperado que trazia uma beleza única e diferente. Afinal, o passado lembrava ao presente que para o agora e para o futuro todas as decepções, os dias felizes, os momentos difíceis serão hoje e amanhã a sabedoria e a maturidade na tomada de decisão. 

A senhorinha

Dedicado a Dona Otávia que assim como a Senhorinha emana muita energia positiva de si. Não faz parte da história da Menina e do Sábio. Em uma comemoração de aniversário, ou numa festa de 25 anos de casados, (Alegria não sabia ao certo), ela conheceu a dona de cabelos branquinhos, cheia de estilo, a quem preferiu chamar de Senhorinha. Ao cumprimentá-la, Alegria sabia que dela saia muita energia, energia boa, pois seu coração se encheu de genuína alegria e de seus lábios lhe escaparam sorrisos sinceros, daqueles que preenchiam os olhos com cor e vida.  Alegria acreditava que as pessoas eram energia e pessoas como a Senhorinha levavam alegria e despertavam esperança por onde passavam, deixando tudo mais bonito, com cores vibrantes, melodias felizes e palavras mais alegres. Pessoas como ela conseguiam ser luz na escuridão, criatividade na total falta de iluminação, conseguiam ser o impossível no improvável. Mas mais do que isso, elas carregavam consigo a sabedoria.

Da Série: De onde você veio, Menina? E o seu amigo, o Sábio?

O conto de hoje é dedicado a theridiculousone como forma de agradecê-lo pelos ouvidos e pelo tempo. Qualquer comentário, luz, estrela ou chuva é bem-vindo aqui ou no twitter @Chaconerrilla A Menina & O Sábio – Pedacinhos do Céu O primeiro trovão ecoou pelo céu. O sábio estendeu o guarda-chuva para fora de casa e o abriu antes que a chuva engrossasse. No instante em que pôs os pés no gramado verde do jardim de casa, o primeiro pinguinho caiu no guarda-chuva. Outros se juntaram ao primeiro, tornando o dia ensolarado em uma manhã chuvosa. Um pouco a frente, a Menina apareceu sorrindo. - Parece que o céu preferiu deixar o azul descansar. – Falou a Menina, olhando para o Céu. – Bom, não é? – Ela sorria. - Você gosta da chuva, Doce Menina? - Você não? - Acho que prefiro o sol. – Comentou o Sábio, pensando no que a Menina falaria a seguir. - Que pena! – Disse a Menina tristemente. – Por que você não experimenta sair sem o guarda-chuva? Tenho certeza que o Sábio saberá do que

Da Série: De onve você veio, Menina? E o seu amigo, o Sábio?

O texto de hoje é dedicado a Camilla e a Sarah que sempre têm palavras lindas sobre o blog: "Menina, amei o texto A Menina & O Sábio - Memórias de Duas Vidas" ou "Teu blog é lindo demais". Mas não só por isso, por todos os anos de amizade. Sou muitíssimo grata. É também dedicado a minha hermanita del alma que fez aniversário recentemente e que me acompanha desde os tempos de criança. Te quiero muchísimo, lo sabes, no? Qualquer comentário, lua ou estrela é só deixar aqui ou no twitter @Chaconerrilla A Menina & o Sábio – Só isso? Sentado do lado de fora, na varanda, o Sábio segurava um cartão de aniversário - recém preenchido com palavras que a Menina não podia ver. Ela o observava do balanço, (hoje, gasto pelo tempo) enquanto esperava o Sábio terminar de reler as palavras que acabara de escrever para a filha do meio. Algum tempo no futuro, agora passado, a Menina levantou, subiu os três degraus da casa e sentou ao lado de seu amigo, o Sábio. Ele, s

Um olhar, um adeus

Não faz parte da história da Menina e do Sábio. Alegria sabia de uma coisa, sabia que o olhar dizia muito quando as palavras não falavam. Não só o olhar. Ele podia ser acompanhado pelo descompasso de alguns passos, de jeitos e trejeitos. E se as palavras não faltassem, elas carregavam um tom diferente, de hesitação, de deslocamento, de incerteza. Elas traziam a esperança escondida que o coração tentava, sem sucesso, esconder. E, se o ímpeto não transbordasse, a menina sabia que seria tarde de mais. O jeito era dizer adeus, mesmo que por uma ínfima fração de tempo no tempo. Ela percebia, desde cedo, que as pessoas estavam acostumadas a falar com palavras sem vida um "adeus" sem valor, mesmo que todo conjunto escrevesse no ar uma pergunta secreta, mais tarde não dita: "então, o que vamos fazer agora?". 

Silêncio ensurdecer. Barulho silencioso

Não faz parte da história da Menina e do Sábio. Em uma madrugada silenciosa do som das vozes das pessoas, Alegria escutava o barulho dos carros, traçando um caminho conhecido ou, às vezes, até mesmo imprevisível (resultado do ímpeto daqueles que precisavam de novas paisagens, novos congestionamentos); dos ônibus que naquele dia repetiam (como era esperado) o itinerário de seus antigos ou não tão velhos dias; das motos, que pareciam, ora desafiar o vento, ora juntar-se a ele em uma velocidade quase tão rápida quanto a de um coração apaixonado; de seu ventilador, que assim como o ônibus, não se atrevia nunca a sair de sua rota, trabalhando sempre naquele mesmo movimento circular programado; e, por último, o eco de seus pensamentos, que nesta madrugada já ensolarada, pensava apenas nas palavras e na desesperança que as inúmeras junções de várias frases, orações e parágrafos depois provocavam. E, apesar do silêncio ensurdecedor de outras vozes vindo do lado de fora, do lado de dentro, em

Da Série: De onde você veio, Menina? E o seu amigo,o Sábio?

Dedicado ao meu Professor Gilberto, que junto a Kenia e Maria Betania, tornou possível a divulgação do primeiro conto de "A Menina & O Sábio".  A Menina & o Sábio – Memórias de duas vidas Todos aqueles que ali estavam presentes dez minutos atrás, agora se faziam ausentes. Apenas o Sábio permanecia onde estava desde o fim da tarde. Ele se despedia do seu neto mais jovem uma última vez, dizendo palavras que a Menina não podia escutar. Sabendo que aquele era um momento particular, ela permaneceu afastada, observando o Sábio de longe. Ele beijou a ponta dos dedos da mão esquerda e deu dois toquinhos na lápide. O epitáfio dizia “mais do que as palavras ou as estrelas podem dizer”. Quando virou, o Sábio, mesmo longe, conseguiu avistar a Menina. Alívio passou pelos seus olhos, hoje tristes. Ele enxugou as lágrimas com o lenço que trazia no paletó e se dirigiu a Menina. - Oi, Doce Menina! Acho que você já soube das últimas notícias. – Disse o Sábio meio sem graça

Da Série: De onde você veio, Menina? E o seu amigo, o Sábio?

O post desta noite de estrelas é dedicado a minha mãe, que me inspirou a escrevê-lo com seu jeito de Mama orgulhosa e, por isso, sorridente, pois, quem não se sentirá melhor depois de ler alguma coisa a noite?, enquanto está deitado na cama, esperando o sono chegar? Não que isso aconteça muito... O sono chegar, quero dizer. Porque uma boa leitura pode despertar as mentes mais cansadas. Ela pode, na verdade, acender a mente e mantê-la assim durante toda a noite e também ao decorrer de toda a madrugada, enquanto a noite troca de turno com o dia. A Menina e O Sábio – O Nascer do Dia O Sábio saiu de casa para caminhar. O mar era lindo àquela hora da manhã e a areia ainda não queimava os pés. Por isso, ele decidiu que molhar os pés era uma boa ideia para começar o dia. - Sabe, Doce Menina, me admira a beleza que tem o mar... – Começou o Sábio. A Menina ainda não chegara, mas ele sabia, ele sentia que ela viria. - É bem bonito mesmo. – A Menina respondeu, andando ao seu lado

E o Vento levou... Homem dos Shampoos? É você?

E o post de hoje é dedicado ao meu outro avô, que podia ser secretamente Papai Noel, pois deixava escapar um ressonante "HoHoHoHo" em casa ou em qualquer lugar que fosse. Como podia ser uma celebridade (identidade também secreta, mas, nesse caso, só pelos arredores de São Bento do Una), pois a cidade inteira conhecia o Cadete da buzina irreverente, que emitia sons de incontáveis animais ao chegar em um lugar diferente e desconhecido. Ele podia ser também, só para os Leitores Curiosos terem uma ideia mais completa da Figura, um disfarçado inventor do futuro que, sem querer, veio parar no presente, agora passado. Todo dia, a menina conversava com o Vento. Ele sempre lhe parecera um bom ouvinte. As vezes, ela tinha a impressão de que   mesmo de longe, ele a entenderia. Em alguns momentos, o Vento estava revoltado, balançava as folhas, levando embora algumas e se despedindo de outras, deixando as árvores rumo à rua, aos rios e aos carros, como se entendesse o que a menina queri

Era uma vez...O Início

O texto a seguir conta um pouco de como surgiu o blog "A Menina e o Sábio". P.S.: O post de hoje é dedicado ao meu melhor amigo, Danillo e a minha amiga de infância, Carol , que ao saberem do Blog, disseram de forma animada (bem, foi assim que eu imaginei quando li as mensagens escritas no Instagram e no What's App) que iriam acompanhá-lo todos os dias (ou sempre que possível).  Agora sim, divirtam-se ou não! O  Sábio  Silêncio  No silêncio de um dia sem vida, ora acompanhada pela luz vermelha de um refúgio secreto, anotando parâmetros de outras vidas, ora perdendo tempo em uma cama improvisada de três cadeiras altas e confortáveis, Alegria foi invadida pela ideia do Sábio Silêncio. Ele sugeriu, sussurrando sem dizer, que a dor, hoje parcialmente cicatrizada, de anos vividos sem vida e cor, poderia fazer de suas lágrimas, inspiração para os desesperançosos, que não mais acreditavam que o sol voltaria a nascer ou que a lua viria a ser cheia e luminosa para a noite

A Lua e as Estrelas

Para todos aqueles que, assim como a Menina, apreciam olhar pro Céu A menina conversava diariamente com o céu, mais especificamente, com a lua e com as suas companheiras, as estrelas. Ela imaginava alguém em seu lugar. E, por isso, conseguia dizer em voz alta, tudo aquilo que mantinha escondido dentro de si. A menina sabia que esse alguém não a escutaria, mas, mesmo assim, continuava, em quase toda oportunidade, abrindo seus segredos à lua e as estrelas. Se ninguém a ouvira, ela podia, pelo menos, rir de si mesma. A menina se achava boba por isso, mas aprendera que momentos assim, de uma solidão não só, a esperança sentava ao seu lado e fazia o mundo ao seu redor ser clareado por uma luzinha crescente. E isso a fazia forte, a fazia pensar que os caminhos futuros seriam mais belos, ladeados por árvores com troncos completos por musgos (sua flora preferida) e com flores ricas em cores e vida, como a cana-da-índia, o lírio e a acácia-amarela.

Companhia silenciosa

Não faz parte da história da Menina e do Sábio. Alegria chorava em um banco solitário numa rua deserta de pessoas, mas ladeada pelo colorido das flores e das árvores. O céu estava azul e contrastava com o branco das nuvens. Ela olhava para cima, tentando entender o porquê daqueles dias. Queria ficar sozinha, ao mesmo tempo em que suas lágrimas suplicavam por ajuda. Ela já não olhava para o céu quando alguém sentara ao seu lado. Alegria soubera no instante quem seria, mas permanecera calada, com a cabeça baixa e as mãos no rosto. E durante todo o tempo em que Alegria permanecia inerte, o Sábio Avô contemplava o horizonte em silêncio, segurando a mão dela. Quando Alegria levantou os olhos e olhou naqueles olhos cheios de preocupação, ela deixou o Sábio Avô aproximar-se e foi abraçada. Os dois permaneceram assim por um longo tempo, sem dizer uma sílaba, uma palavra, enquanto os olhos da Alegria expulsavam toda dor e desespero que sentia naquele dia ensolarado. E na companhia silenciosa

Palavras não ditas ao vento

Não faz parte da história da Menina e do Sábio. Alegria sabia que as palavras tinham força. Ela escutava em pensamentos as mesmas junções de sílabas escritas dias atrás. Não importava se elas não tinham sido ditas ao vento, porque a memória trazia nas lembranças vozes conhecidas e reais. E Alegria revivia todos os dias, as palavras mais difíceis que tivera que escutar em um longo tempo. Ela não queria ter vivido aquele momento, mas sabia que era necessário. Se não fosse numa quinta, seria em outro dia da semana. Talvez, fosse até mais doloroso se demorasse um pouco mais, porque o tempo pode ser bem esperançoso 

De onde você veio, Menina? E o seu amigo, o Sábio?

Não faz parte da história da Menina e do Sábio. É outra Menina e outro Sábio. Dedicado ao meu "abuelito" (avozinho) amado, Zacarias Cavalcanti, que no brilho de seus olhos, me incentiva em toda troca de olhar a continuar colorindo com o lápis, páginas ansiosas por novos segredos.   “A Menina e o Sábio” Sentada na grama, observando o lago, a menina perguntou ao sábio o que a água tinha de tão especial. - Me diga você – Respondeu o sábio. A menina sorriu, olhou para o sábio e depois para o lago. - Não sei... A água me lembra vida e a falta dela me faz pensar na morte. – Ela esperou até que o sábio falasse. Só demorou um pouco. - Interessante – Ponderou o sábio. A menina sorriu. – A água quando falta, não leva apenas a água. Ela leva a vida. A Seca seca a vida. Olhe nos olhos de uma pessoa sem água e você verá a seca no olhar dela. - Espero que não seque quem vive fora dela. – O sábio olhou para menina, confuso. - Fora da seca, quero dizer. A voz de fora poder

A Chuva

Não faz parte da história da Menina e do Sábio. Alegria ouviu dizer que a chuva deixava tudo mais bonito. Certa vez, ela olhou para o céu e pôde ver os pinguinhos caindo, traçando sua trajetória não retilínea até a rua (o vento e as folhas estavam lá para guiá-los). Alegria caminhava nesse dia de chuva enquanto pedacinhos do céu caiam em suas roupas. Ela esperava que cada gota pudesse levar consigo um pouquinho daquilo que pesava em sua alma. Ela queria acreditar que essa era uma das funções da chuva, a mais bela de todas

A função da arte

Não faz parte da história da Menina e do Sábio. Dedicado ao meu pai que, com certeza, tem um pouco de Gregory House em si. A Sabedoria disse para Alegria uma vez que a arte tinha a função de preencher os vazios deixados pela vida. E Alegria sabia que a sabedoria não podia estar mais certa, porque para ela, a arte era a esperança em forma, cor e som. Ela via na ficção tudo que não conseguia enxergar na própria vida. Acreditava que o futuro poderia ser colorido e que as marchinhas de carnaval poderiam ser mais do que temas recorrentes em sua trilha sonora. Ela assistia House, segundo o pai, porque, se para cada novo caso impossível do hospital, o médico mais rabugento da história enxergava o diagnóstico e salvava a vida do iminente moribundo, talvez para a vida dela também houvesse um Gregory House. Alegria não percebia, mas era a arte que a fazia forte, que não a deixava desistir. Mas, ela logo descobriria. Infelizmente, da pior maneira possível.

A desesperança

Não faz parte da história da Menina e do Sábio. E de tanto levar esperança para os outros, Alegria ficou sem nenhuma para si. Ela preencheu o coração com o vazio da solidão e os pensamentos com melodias tristes e letras melancólicas cantadas pelos sons de outras vozes. Quem dera a Alegria soubesse o caminho de volta ao porto seguro, onde ninguém se atreve a pôr os pés no mar ou abrir asas e voar. Infelizmente, Alegria perdeu as instruções de volta e tudo o que ela sabia, até então, desmoronou em uma batida de seu coração. Alegria procura agora um lugar para sentar e chorar. Se ela não encontra, a opção é caminhar sem direção para que as lágrimas expulsem de seu coração um pouco do que o torna frágil e quebradiço. Mas, apesar disso, Alegria sabe que não se sentirá melhor por um tempo. Seu coração está cheio de dor e de saudade. Não de uma saudade qualquer, da saudade que sentia antes da inevitável reviravolta. Mas nada pode salvar o que se foi e aquela saudade, ela não a terá. Não. Nun