Sobre o palco da vida…
"A vida não permite ensaio"*! Não é possível dizer “corta” e repetir a cena. Não é possível gravar o momento várias vezes e depois editá-lo, colocando pedaços de diferentes tentativas no produto final, naquilo que vai ao ar. Lógico que o “ensaio” aqui se refere àquele que acontece fora dos pensamentos. Isso porque, antes de a cena acontecer, é possível treinar tudo aquilo que se deseja falar na solidão do ser, do estar. Infelizmente, esse preparo solitário não garante que tudo sairá como planejado. Faltarão palavras na tão temida hora de encenar um momento da vida real; haverá, certamente, um tanto de descontrole emocional por parte dos envolvidos; não existirá alguém (como um diretor, por exemplo) por trás desse instante para orientar o intérprete no ato da própria vida. Talvez seja por tudo isso que os finais das histórias que acompanhamos na televisão são tão bonitos. O texto foi cuidadosamente decorado. O cometimento de um erro permite que a cena seja repetida. A presença de expressões (ou seria melhor usar a palavra sentimentos?) destoantes ao propósito do enredo em questão pode ser ajustada. E a duração desses pedaços de histórias é suficiente para colocar no lugar tudo aquilo que os personagens viveram; para fazer jus à importância dos sentimentos experienciados até ali. É justo, é bonito, é poético.
*Pelas minhas pesquisas, essa é uma frase de Charles Chaplin.
Comentários