Dedicada a Sabedoria, que mesmo depois de tantas palavras, ainda me escuta falar sobre o ponto de interrogação.
Alegria conversava com a contadora de piadas sobre aqueles dias sufocantes, sufocantes porque a incerteza não a deixava respirar. Ela guardava tanta energia dentro de si - daquelas que fazem o coração comprimir - que precisava gritar para sentir-se mais aliviada. Por isso, no estacionamento onde estava, Alegria pediu a Deus um sinal, atraindo olhares desconhecidos e desentendidos. Meio segundo depois ou até menos, veio o vento. Não o vento diário, mas um Vento diferente com toda força e caos de uma ventania. A desconhecida que ouvira as palavras da Alegria, chamou a atenção dela e da amiga, dizendo:
- Você queria um sinal? Ele veio. – A moça falava da estranha ventania, apontando para o Céu. Envergonhada, Alegria agradeceu ao telhado azul do mundo inteiro e foi embora pensando nas palavras da jovem não conhecida. Será mesmo que o vento deixara um recado? E se sim, qual seria a resposta? Sim ou não? Quem saberia? Seria o julgamento de Alegria confiável? Ou ela enxergaria apenas o que o seu coração queria que fosse verdade? Tantos "serás" não respondidos, tantos "porquês" não entendidos, tanta vida desperdiçada e tantos sorrisos apagados. O que faria Alegria com tanto para descobrir? Ela não sabia.
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