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Curta-metragem

Sobre os filmes que guardamos em nossa memória


Depois que Lívia se foi, o Sábio (naquela época, mais Menino, mais Francisco) costumava passar pela livraria “Bons Tempos”. Ele parava em uma estante qualquer e abria um livro novo. O Menino esperava que a página escolhida trouxesse um pouco da essência de seu primeiro amor para aqueles dias melancólicos. Sua ausência deixava tudo entristecido, das cores aos sons, do dia à noite. Francisco sabia, entretanto, que precisava de tempo para voltar a pintar a vida com cores mais alegres e vibrantes. Por isso, ele se deixava sentir a dor daquelas manhãs sem sorrisos e noites sem abraços. Em uma de suas visitas a livraria, o Menino encontrou um trecho que parecia ter sido escrito pela própria Lívia. Se sua vida ainda tivesse mais algumas páginas, quem sabe até alguns capítulos, Francisco sabia que Lívia escreveria tudo o que sentia em dias como aqueles, espalhando pelas ruas sorrisos. Sorrisos em quem se identificava com as aventuras e as desventuras desconhecidas daquele alguém que escrevia. O trecho dizia: “Salgada é a saudade que você deixou na minha boca quando foi viver outras histórias, sem levar o nosso álbum de momentos que continuam no baú e como curtas no cinema da minha fábrica de memórias”.

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