O texto de hoje é dedicado a Amandis e a José Waldo que me acompanham desde os tempos do colégio. Sem vocês, seria mais difícil Qualquer comentário é bem-vindo aqui e no twitter @ameninaeosabio (sim, o blog tem twitter agora).
Alegria não sabia que as estrelas viriam para levar a
esperança embora. Quando a escuridão tomou conta do céu, ela recebeu a carta
mais dolorosa dos seus tão poucos anos. As últimas palavras ameaçaram
transformar a dor que ela sentia em lágrimas, mas Alegria fingiu ser forte e
foi dormir. Infelizmente, não adiantou por muito tempo. Quando o sol trouxe a
luz de volta, desesperada, Alegria trocou de roupa e pegou o primeiro ônibus
que passasse na Avenida Porto Seguro. O itinerário não a deixaria perto da casa
amarela, mas ela não podia esperar. Por mais que tentasse esconder a dor, uma
ou outra lágrima teimosa fazia questão de transbordar. Alegria sentou na
cadeira perto da janela e olhou para o céu e já sem forças, deixou as lágrimas
molharem seu rosto. O caminho a pé foi ainda mais doloroso, porque por onde
passava, a dor de seus olhos chamava atenção, mas sem saber o que fazer, nenhum
desconhecido se atreveu a ajudar e, no silêncio das palavras, ela chegou a casa
amarela. Infelizmente, o terceiro Sábio da Vida da Alegria, a Razão, estava um pouco ocupada. Ela, então, esperou
sentada do lado de fora, tentando se sentir um pouco melhor, menos sufocada na companhia
do frescor do ar, do calor do sol e do som do vento. Quando a Razão finalmente pôde
escutá-la, a Alegria pôs em palavras tudo que já dissera através das lágrimas e dos
soluços. Uma hora mais tarde, sem nenhum resquício da esperança que a acompanhava há tanto tempo, a Alegria entendeu que era hora de voltar para casa. Ela sabia que o vazio seria impreenchível e que só o tempo faria o coração cicatrizar e estar preparado para ser invadido novamente. Só o tempo, nada mais.
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