A menina guardava um baú de passados. Ela
o deixava debaixo da cama, escondido. Quando a saudade transbordava, a menina
sentava no chão do quarto e com a chave que carregava sempre consigo, abria as
lembranças para si. Algumas estavam cobertas pela poeira do esquecimento;
outras desbotando pelas tantas lágrimas de tristeza que a menina derramara.
Tinham ainda aquelas que estavam amassadas pela felicidade e manchadas pelas
lágrimas da alegria... Eram pedacinhos do passado que ela trouxera para o
presente como forma de lembrar outros dias, outras flores, outras dores. E, por
isso, por tirar de palcos antigos, pequenas peças de seus cenários, o passado
ainda estava presente, sendo eternizado todo dia pelas lembranças que,
desgastadas ou não, continuavam ali, ao lado da menina, umas deixando de serem
dolorosas com o tempo, outras sendo eternamente felizes mesmo com ele.
Alguns detalhes como a trajetória da chuva, o contraste das cores do céu e das árvores, o silêncio ensurdecedor e acolhedor de uma companhia sem palavras são destrinchados neste pequeno espaço. Comentários, poesias, lua e estrelas são bem-vindos aqui e no twitter @Chaconerrilla. Sejam bem-vindas(os)!
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