Dedicado a todo mundo que já sorriu sozinho pensando em alguém. Sorriu aquele sorriso abobalhado de um coração apaixonado. Qualquer comentário,lua ou estrela é bem-vindo aqui e nos twitters @Chaconerrilla e o oficial do Blog @ameninaeosabio
Era dia de chuva, de chuva não, de temporal. O semáforo acabara de mudar para o vermelho e o ônibus em que Alegria estava era o primeiro depois da faixa de pedestre. De um lado da rua, um garoto sem guarda-chuva e com um caderno agora molhado na mão desceu da calçada e pôs os pés na rua. Do outro lado, uma garota, com sua sombrinha desgastada e bolsa encharcada, fez o mesmo. A chuva engrossava e os faróis dos carros e ônibus acesos daquela noite chuvosa cegavam os dois. No ônibus, a mistura de conversas paralelas preenchia o ar. Alguns passageiros estavam sentados, outros, talvez a maioria deles, permaneciam imóveis em pé. Era horário de pico. Ninguém preferira esperar um ônibus mais vazio. No final de expediente era sempre assim, hora de ir para casa. O cobrador mantinha uma conversa animada com um recém-formado, já o motorista permanecia calado, olhando para cima, esperando o sinal abrir. Enquanto a mistura das conversas do ônibus e das calçadas com o barulho da chuva e as buzinas dos carros ameaçava a harmonia dos sons, Alegria permanecia de olhos fechados com a cabeça encostada sem se importar com o barulho exterior. A janela ainda estava aberta. Na verdade, ela estava enferrujada e ninguém conseguira
fechá-la. Apesar da chuva, Alegria não parecia se incomodar, o que era
estranho, porque observá-la dormindo toda molhada incomodava o senhor do carro
ao lado. Ele se perguntava como ela conseguia descansar daquele jeito e
preocupado pensava "espero que não pegue um resfriado". Mas Alegria não estava dormindo e quando ela sorriu sozinha ainda de olhos fechados, o senhor
do carro ao lado entendeu. Alegria pensava em certo Primeiro Amor, aquele que a
conhecia mais do que todo mundo. “Ah, por isso que a chuva não a incomoda”,
pensou ele e baixinho perguntou para si:
- Quem te faz assim tão contente? – Então,
o sinal abriu.
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